terça-feira, 10 de agosto de 2010

Vovós on line:alunas da Faculdade da Experiência mostram que nunca é tarde para entrar na era da tecnologia

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As mãos marcadas pela passagem do tempo agora tentam dominar o mouse nas aulas da oficina de informática, oferecidas gratuitamente às alunas que freqüentam a Faculdade da Experiência, do Instituto Anglicano Barão do Rio Branco. Das 250 mulheres que participam das atividades propostas pela Faculdade, 70 fazem a oficina de informática. As outras se dividem entre as oficinas de canto e dança.

Além dos dois professores, dois monitores acompanham as aulas para ajudar as alunas, que desde o começo do ano vem perdendo o medo da tecnologia. Durante as aulas já aprenderam todos os processos básicos, como ligar e desligar o computador, mexer no mouse e no teclado, além de como digitar um texto e procurar em sites de busca sobre os assuntos que elas mais gostam como, os enumerados por elas mesmas: saúde, alimentação, receitas, programas de TV, plantas entre outros.

Depois de criar os filhos, trabalhar e ajudar com a chegada dos netos, estas mulheres não se acomodaram e dão uma lição de vida à todas as pessoas, no quesito vivacidade e vontade de aprender. Muitas das participantes da Faculdade, não tiveram a oportunidade de aprender a ler e a escrever, por isso as atividades são desenvolvidas em grupos, para que elas se ajudem e nenhuma seja excluída por não saber alguma coisa.

Uma das coordenadoras da Faculdade da Experiência, Helenita Ferreira disse que depois do início da oficina, muitas já ganharam notebooks dos filhos para que possam ir mais longe. “Entrando no mundo on line, elas já criaram seus emails e estão se comunicando com as colegas e também com os familiares. Outras já têm programas de troca de mensagens instantâneas e até Orkut”.

Muitas tem o sonho de comprar um computador para permanecer conectadas a esse mundo e ficar mais perto dos filhos e netos que moram longe, como Madalena Ribas de Almeida, 61 anos, aposentada e que ainda trabalha como costureira. “Informática é o que mais estou tentando aprender e se eu conseguir aprender o básico vou comprar um computador para mim me comunicar com minhas filhas, netos e irmãs. Pois, da família sou a única que estou fora desse mundo. Costuro vestidos de prenda e faço algumas horas a mais durante a semana para ter a tarde de sexta livre para vir nas aulas,” revela.

Com 84 anos, Úrsula Porcher disse que não está achando as aulas de informática difíceis. Por isso, revelou que “pretendo comprar um notebook, mas antes quero aprender um pouco mais porque tenho medo de estragar. Estou achando fantástico poder participar dessas aulas,” comemora.

Muitas que antes das aulas não sabiam nem ligar as máquinas ou que quando ousavam mexer no computador precisavam pedir ajuda dos netos ou dos filhos, agora já se garantem. Como Maria Assunta Pillotto, 64 anos que já tem MSN e manda emails para as amigas. Participante do curso, Jurema Puchalski, 74 anos, aposentada, disse que tinha computador em casa, mas não mexia. Agora já mexe, mas ainda precisa de ajuda para conseguir ver os emails. “A troca de orações, novenas e receitas que é tradicional entre as pessoas de mais idade, agora ganha um aliado que é a tecnologia. Agora com email, muitas das alunas continuam com essa prática, mas através do computador”, diz a professora Helenita.

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