segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Pesquisa associa relacionamento duradouro a maior satisfação na terceira idade

COLUNA BEM-ESTAR DO CLICRBS

A maturidade que um relacionamento duradouro e satisfatório pode proporcionar pode ser determinante na terceira idade. Poder compartilhar tristezas, discutir problemas, buscar soluções, bem como dividir alegrias e conquistas tende a trazer uma sensação de bem-estar, principalmente nessa fase da vida.

Uma pesquisa divulgada este ano, realizada no Canadá, mostrou que casais mais velhos, acima de 65 anos, têm um grau de satisfação maior com seus relacionamentos do que a média geral dos entrevistados. Na escala de felicidade dos casais, montada pela Universidade do Quebec em Montreal, as pessoas de terceira idade tiveram pontuação de 119 e 120 pontos, enquanto a média canadense foi de 114.

— É uma diferença significativa — disse Gilles Trudel, professor de psicologia na universidade.

A escala leva em conta a satisfação sexual, mas também o quão bem os dois se comunicam e convivem juntos. Os pesquisadores acreditam que o resultado positivo se dá também pelo fato de que os casais aposentados têm mais tempo para passar juntos e fazer coisas agradáveis. Mas, em alguns casos, a aposentadoria pode ter o efeito inverso: com mais tempo, os problemas conjugais podem ficar mais latentes.

Relacionamento pode proteger contra os anseios da idade

Há 55 anos juntos, Susi e Gunter Obal, de 75 e 81 anos, respectivamente, compartilham tarefas dos dia a dia, cuidados um com o outro, carinho e muitas histórias. O casal de aposentados, morador do bairro Higienópolis, em Porto Alegre, acredita que a maturidade e o respeito um pelo outro fizeram com que o relacionamento não se desgastasse ao longo dos anos e continuasse ainda mais satisfatório agora.

— Temos um companheirismo muito grande. Eu não acho graça em ir ao cinema sem ele, nem ele acha graça de fazer qualquer coisa sem mim. Aquele amor, aquela paixão se transforma em companheirismo e confiança — relata Susi, que ministra aulas de etiqueta social e marketing pessoal em sua própria casa.

Para a psiquiatra Fernanda Menezes, um relacionamento duradouro, na terceira idade pode se transformar em um "fator protetor".

— Em diversas doenças de origem psiquiátrica, por exemplo, sabe-se que o fato de ser casado ou ter uma relação afetiva estável, melhora o prognóstico. Também o fato de constituir uma família, tendo filhos e formando um lar, traz a perspectiva da continuidade, aplacando ou dirimindo algumas das ansiedades humanas — explica Fernanda, que também é mestre em Psicologia Social e da Personalidade.

Segundo ela, o relacionamento na idade madura e velhice, tende a trazer mais ainda a sensação de pertinência e alívio, já que nesta fase as angústias específicas do envelhecimento podem ser aliviadas e compensadas pelo bem-estar que o companheirismo e o amor podem trazer.

O casal, nascido na Alemanha, se conheceu em Gramado, na Páscoa de 1954. Susi lembra com detalhes do dia em que Gunter a viu lendo um romance alemão e se aproximou para puxar conversa. Quatro meses depois veio o pedido de casamento. Gunter e Susi, que têm dois filhos, ficaram ainda um ano noivos antes de subir ao altar.

— Acho que a força do nosso casamento sempre foi essa: o diálogo. É claro que a gente briga, mas geralmente é por causa dos filhos — confessa Susi.

Com o sotaque alemão ainda carrega, Gunter diz que quando se casou, os motivos para começar um relacionamento eram diferentes de hoje:

— Eu procurava uma esposa que era bonita por fora e bonita por dentro. Hoje se casa porque a moça é bonita por apelos sexuais, e isso não é tão duradouro. A beleza passa muito rápido.

— Eu não posso imaginar uma vida sem ela — declara Gunter — Nem eu sem ele — completa Susi.

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